sexta-feira, 1 de maio de 2009

não “afogar” em informação



O que fazer então para não “afogar” em informação todos aqueles cuja actividade científica ou prática profissional dela dependem?


Se os sistemas interactivos de comunicação permitem a eliminação de barreiras no acesso à informação, será que esta por si só dará acesso ao conhecimento?
Tomé, Irene; Da Informação ao Conhecimento; 
Uma estratégia sobre Teatro Vicentino

A era digital possibilitou ao Homem o acesso a outros espaços e modificou-lhe a noção de tempo. As novas tecnologias, os novos modelos comunicacionais e principalmente, a Internet trouxeram mudanças profundas na velocidade de circulação da informação, no modo como aprendemos e ensinamos e como interagimos com os outros. Esta nova “ordem interactiva” transformou-nos nitidamente em consumidores e produtores de informação.

Mas, ao passo que a compreensão e descodificação da informação, seja ela sonora e/ou visual, constitui algo que é inato ao homem, já a descodificação da leitura e da escrita, não constitui um fenómeno natural. Os códigos que permitem essa descodificação só podem ser adquiridos através dos sistemas de ensino/aprendizagem e o tempo de permanência “na escola”, por muito que o pretendamos negar é factor determinante para a atribuição dos níveis de competência nestas matérias /domínios.

Segundo Castells a disponibilização de informações na rede provoca uma mudança no envolvimento cognitiva e sensorial do indivíduo, relativa à facilidade de manuseio de diversas interfaces num mesmo momento. Além disso, a sociedade em rede possibilita uma ampliação das comunidades virtuais e redes sociais independentemente da localização geográfica e em tempo real. O ambiente simbólico, de interfaces, múltiplas imagens e sons em que a sociedade vai penetrando, vão fazendo com que a virtualidade se comece a confundir com realidade.

O que fazer então para não “afogar” em informação todos aqueles cuja actividade científica ou prática profissional dela dependem?

Numa análise mais detalhada e atenta pelo que se passa na rede e no mundo, penso que podemos desde já ficar mais tranquilos quanto “ao curso da corrente”. Agora que são passadas as euforias tecnológicas em que tudo era disponibilizado em rede. Já se vê uma grande preocupação em construir e partilhar mais contextos do que conteúdo em conduzir e/ou ensinar a conduzir do que a deixar fluir esperando sempre que algo de bom aconteça.

No que respeita à aprendizagem, por exemplo, já se começa a verificar a constatação de que, dado que os conteúdos estruturados são a pedra basilar para o acesso ao conhecimento, é fundamental desenvolver capacidades individuais inseridas num contexto de aprendizagem colaborativa (à a distância ou presencial), e em simultâneo promover a divulgação e o acesso ao conhecimento ao mesmo tempo que se deve criar necessidade dele.

Actualmente estamos a “construir” a “Sociedade do Conhecimento.,Ainda precisamos porém, de consolidar “os pilares da Sociedade da Informação”. É que, independentemente da intenção de quebrar certas barreiras e assimetrias, elas continuam a existir. 

E termino com o pensamento de Lévy para quem: 

o planeamento educacional precisa ser fundado numa reflexão a partir de uma análise da mutação da sociedade informacional em relação ao saber. A dinamicidade da renovação de saberes, a comercialização dos conhecimentos, a significação do trabalho como produção de conhecimento e a mutação cognitiva humana em consonância com o desenvolvimento das inteligências artificiais, favorecem uma profunda multiplicidade de possibilidades para a humanidade.”


é sempre fundamental entender os sentidos que uma realidade cultural faz para aqueles que a vivem…


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