Moore considera que a autonomia surge como consequência do processo de maturação do indivíduo e que os programas de Ensino a Distância, devido à sua estrutura, requerem alunos com comportamentos autónomos de modo a conseguirem concluir com sucesso esses mesmos programas.
O aparecimento e sobretudo a expansão/sucesso do EAD prende-se com factores sociais que por sua vez se relacionam com uma certa “inoperância” de sistemas existentes.
De facto, as primeiras formas de EAD, se assim podemos apelidar os vulgarmente chamados “cursos por correspondência”, vêm dar resposta às necessidades de formação do pós-2º guerra mundial. Por sua vez, o boom industrial acabou por despoletar todo um conjunto de iniciativas de ensino em massa onde o factor distância deixou de ser um obstáculo. Pelo contrário, acabou até por rentabilizar recursos, uma vez que permitiu a conjunção de dois factores: produção e valorização.
E se o EAD surge como consequência da evolução da sociedade, também são esses factores que levam à sua actualização/modificação. O que os primeiros teóricos do EAD fizeram foi colocar “em letra de forma” a definição de Ensino à Distância, os propósitos que serve e o que se pretende que seja.
Baseando-se na análise concreta, quer da sociedade, quer dos cursos existentes, teorizaram acerca do ensino ideal e da forma como devia ser conduzido, sobretudo atendendo às condições técnico-materiais, aos objectivos programáticos (e resultados) pretendidos e ao tipo de público a que se dirigiram ou que pretendiam abranger.
A meu ver (e não querendo aqui apenas “propagandear” o meu teórico de eleição),Wedemeyer foi quem teve uma visão mais generalista, flexível e ao mesmo tempo abrangente do EAD a ponto de ainda estar muito actual nos dias que correm. De facto, nos seus aspectos fundamentais, a Teoria do Estudo Independendente promove:
- Autonomia
- Ensino centrado no aluno
- Aprendizagem ao longo da vida
… que são os pressupostos da pedagogia actual.
Além disso segundo o autor:
O estudo independente consiste em várias formas de ensinar-aprender nas quais os professores e os alunos realizam as suas tarefas e responsabilidades essenciais afastados uns dos outros, comunicando de formas variadas com o fim de libertar os alunos internos de aulas com padrões e velocidades inapropriados ou dar aos alunos externos a possibilidade de continuarem a aprender no seu ambiente próprio e desenvolver em todos os estudantes a capacidade de levarem a cabo a sua auto-aprendizagem.(Charles A. Wedemeyer, Encyclopedia of Education)
O que significa que, desde que encarado de uma forma séria e profissional), este tipo de ensino não incorre nos mesmos “erros” do ensino tradicional que, principalmente pelas suas características massificadoras, não respeita, entre outros, aspectos o ritmo do aluno nem acompanha a(s) sua(s) vontade(s) de saber, tendo também em linha de conta as suas disponibilidades.
Discípulo e seguidor de Wedemeyer, Moore “pegou na sua teoria (sobre a independência do aluno a distância e a relevância dessa independência no seu sucesso) e na de Peters (de industrialização do ensino a distância) e apresentou uma teoria unificadora”
… ou seja, baseado no feedback do que em matéria de EAD (e o ensino tradicional) estava e havia sido feito, bem como nos fundamentos das outras teorias, adaptou, adequou e modernizou-os através da sua Teoria Transacional.
O mesmo fez Holmeberg com a sua Teoria da Conversação Didáctica Guiada, que, como o próprio nome indica, pretende “guiar” até à autonomia e independência.
Resumindo: todos estes teóricos apelam à autonomia e independência, estão bem cientes das dificuldades inerentes a um ensino à distância e da importância do relacionamento do aluno com o formador/professor no processo ensino/aprendizagem.
Perante as realidades encaradas, assim se orientam os seus pontos de vista: Wedmeyer parte do pressuposto da existência de um aprendente adulto, responsável, ciente das suas necessidades e objectivos; Moore e Holmeberg apontam para uma maior incidência na orientação do aprendente que pode ser jovem e algo imaturo.
Peters com a sua Teoria da Industrialização, será o teórico que está mais perto do ensino tradicional e mais distante dos dois acima referidos pois considera “ensino ou educação como um método racionalizado para se adquirir conhecimento, habilidades e atitudes e que esse processo se vale dos princípios da divisão e da organização do trabalho e, sobretudo, dos meios técnicos nomeadamente da produção de materiais de ensino de alta qualidade de forma a abranger/ alcançar ao mesmo tempo um grande número de estudantes seja qual for o local em que vivam”.