Distinguir duas figuras de referência numa área com a qual não me sinto particularmente familiarizada é, para mim, tarefa árdua e quase contra-natura.
Mesmo quando indagada sobre qual o meu filme, canção ou livro preferidos o desconforto invade-me e as frases que emito raramente me representam.
Não que queira mentir ou ocultar algo. Não. Apenas me sinto incomodada por ter que me exprimir acerca do que não sinto, acerca do que não me penso capaz.
É o que se passa relativamente a este “post”. Que sei eu do ensino à distância? Que sei eu dos seus mentores e impulsionadores? Ainda agora cheguei a este mundo!
Através do que li já tenho algo a dizer … se quiser… Nos dias que correm, felizmente, a Internet permite a desoras umas pesquisas, mesmo que boleanas. Mas não. …Isso seria “vender a alma ao diabo”. Além de que tenho gratas recordações dos meus primeiros passos –quais aventuras– no ainda muito “incipiente e propedêutico” ensino à distância. É, de resto, também com um sorriso nos lábios, que lembro a telescola e as aulas de francês do ciclo preparatório com o Pierre, a Nicole e o Patapouf que nem na televisão me conseguiam atrair fazendo-me melhorar as notas. Recordo também as aulas do ano propedêutico, quase todas “representadas” por professores incomodados, tensos e algo desapaixonados a tentar transmitir, perante as frias câmaras, saberes que mal conseguiam fazer passar presencialmente.
E é desses tempos conturbados, de fascículos abertos a custo e aulas televisionadas a preto e branco, que me vem a grata lembrança do professor de Português A que me fazia levantar da cama e vir a correr ligar o gravador (áudio) para depois ocupar tardes a fio a “passar” aqueles discursos apaixonados para o caderno de apontamentos.
Com ele descobri alguns “rendilhados” da Literatura Portuguesa. Graças a ele fiquei convicta de que um professor tem que, acima de tudo, ser um bom “orador”, um bom “transmissor de conhecimentos”, um bom mediador entre a “matéria e o receptor” da mesma.
O Prof. Doutor Carlos Reis – hoje Reitor da Universidade Aberta – conseguiu “à distância” que eu refinasse o gosto pelo conhecimento e aumentasse a vontade de saber.
Aquelas aulas de Português “encheram-me as medidas”. E até a minha avó, semi-analfabeta, largava tachos e panelas para vir ouvir “aquele senhor que falava tão bem”.
No E-learning como em qualquer outra actividade em que prevaleçam a vontade de dar, de partilhar e portanto e o espírito empreendedor, destacam-se sempre figuras de vulto como decerto tantas que se cruzaram e cruzam ainda nas nossas vidas.
Pelo que já li sobre o assunto, poderia destacar mais do que duas figuras de vulto no âmbito do ensino à distância.
Mas, curiosa e teimosamente, só me ocorrem nomes de instituições: CEAC e Universidade Aberta. O primeiro porque foi de extrema importância para o pós–guerra e portanto para o pós-crise, a segunda porque constitui um marco de viragem no ensino (também à distância).
Poderia falar de de Litto, de Wedmeyer e muitos outros. Mas fico-me por aqui. Estou grata a todos aqueles – figuras de vulto ou não – que deram e continuam a dar o seu contributo para que hoje possa estar aqui, no conforto da minha casa a ter o prazer de continuar a aprender…